O livro de Luiz Puntel, Açúcar Amargo, que faz
parte da coleção Vaga-lume, busca retratar a dura vida levada pelos cortadores
de cana no Brasil. As dificuldades enfrentadas pelas famílias em virtude da
precária assistência oferecida a esses profissionais, seja em questão de
segurança e transporte, como também dos direitos trabalhistas dos mesmos. É
nesse cenário que o autor descreve a história de Marta, uma jovem trabalhadora
que se vê privada de sua rotina na escola (depois de muito brigar com o pai
para que a deixasse estudar) pelo fato de que o dono da terra onde seu pai
trabalhava acabou por vendê-la para plantadores de cana. Por isso, precisam se
mudar para outra cidade onde, por causa de um acidente que ocorre enquanto o
pai e o irmão estão indo trabalhar, o irmão acaba morrendo, sendo que o pai passa
a sustentar a família. Apesar de estar de luto pela morte do irmão, Marta não
entende porque seu pai parece odiá-la tanto e, depois de mais uma discussão com
ele, descobre que ele a culpa pelo que aconteceu porque no dia do referido
acidente, eles haviam se atrasado para sair por causa dela e, depois de saírem
pra trabalhar, aconteceu o acidente. Decidida a enfrentar a situação e provar a
ele que pode ser mulher não é de nenhuma forma inferior ao falecido irmão, ela
começa a cortar cana disfarçada, conseguindo juntar mais dinheiro do que todos
os outros que trabalhavam. Entretanto, em uma briga que ocorre durante um
dia de trabalho ela revela sua verdadeira identidade e o chefe, ao descobrir
que ela é uma mulher, começa a pagar menos para ela, o que a deixa furiosa.
Juntamente com outras mulheres e outros trabalhadores que estão insatisfeitos
com a situação, participa de uma greve onde seu pai acaba sendo atingido por um
tiro. Com a doação de sangue feita por Marta, ele sobrevive e se arrepende de
ter culpado a filha por todas as coisas ruins. Marta também está mais feliz não
só porque seu pai reconheceu seu erro, mas porque sua vida de cortadora de cana
permitiu conhecer Agenor, o rapaz com que começa a namorar.
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